Na Semana Mundial da Imunização, a médica neonatologista Lilian Sadeck, da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) concedeu uma entrevista ontem (27) para a Agência Brasil, a fim de alertar para a importância da vacinação na primeira infância - sobretudo em casos de nascimento prematuro.
Segundo a médica e os especialistas da SBP, o cenário de vacinação infantil tem decaído desde 2015 e preocupado os médicos. E o caso é a ainda mais preocupante quando se trata dos bebês que nasceram antes das 37 semanas de gestação.
"Muitas vezes, a família fica com dó, porque a criança já nasceu prematura, já sofreu, muitas vezes ficou internada. Então, a gente tem que sensibilizar muito a família para que mantenham esse calendário atualizado.", diz a médica.
Os bebês prematuros são mais suscetíveis às doenças. Isso ocorre porque a fase final de gestação é a que o bebê recebe o maior número de anticorpos de suas mães e, como eles nascem antes, não atingem essa fase e não recebem a quantidade de anticorpos que deveriam.
Por esse sistema imunológico imaturo, além de ficarem mais vulneráveis às doenças, eles também correm um risco maior quando são acometidos por essas enfermidades.
Não! A médica lembra que a contagem de idade para o calendário de vacinação se inicia a partir do momento que a criança nasceu - o tempo de gestação para as datas do calendário é irrelevante.
“É uma coisa que confunde as pessoas, que, às vezes, pensam que têm que dar de acordo com uma idade corrigindo a prematuridade."
Vale destacar que os bebês prematuros também sofrem mais risco de desenvolver reações adversas às vacinas. Por isso, as vacinas que protegem contra a coqueluche devem ser preferencialmente acelulares.
Nos centros de referência em imunobiológicos especiais (CRIEs), os pais podem encontrar a penta acelular (difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Haemophilus influenzae tipo b) e a hexa acelular (difteria, tétano, coqueluche, poliomielite inativada (VIP), hepatite B (HB) e Haemophilus influenzae tipo b (Hib)) de forma gratuita.
"Estas são vacinas conjugadas, em que uma mesma dose protege contra várias doenças. São vacinas que causam menos sofrimento para a família e para o bebê, porque em uma injeção ele recebe várias vacinas juntas", aconselha a médica.
"Muitas vezes, a família fica com dó, porque a criança já nasceu prematura, já sofreu, muitas vezes ficou internada. Então, a gente tem que sensibilizar muito a família para que mantenham esse calendário atualizado.", alerta.
Também é importante se atentar ao calendário de vacinação das gestantes, que tem suas especificidades.
Recomenda-se que recebam duas doses da dT (difteria e tétano) caso nunca tenham se vacinado anteriormente. Além disso, devem se vacinar com uma dose da dTpa (que também inclui a coqueluche) a partir da 20ª semana de gestação.
A dose da dTpa ainda é recomendada até para quem já recebeu a dT anteriormente.
As gestantes também devem ser vacinadas contra a hepatite B e, caso não consiga completar o esquema vacinal antes do parte, deve ser finalizado após.
Lilian também recomenda a vacinação contra a influenza e a covid-19, e lembra que estas vacinas estão disponíveis gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A pandemia interferiu no pré-natal das gestantes brasileiras. Muitas delas não estão se vacinando como deveriam, ainda que tenham acompanhamento médico.
Cumprir o calendário de vacinação gestacional é importante, pois os anticorpos poderão ser passados para o feto e oferecem mais proteção imunológica à criança nos primeiros meses de vida.