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Desigualdade entre os estados

Diferenças no rendimento domiciliar médio per capita é somente uma face da discrepância na realidade social pelo país

Publicada em 29/02/2024 às 08:38h - 71 visualizações

por JC


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Joe Biden e as eleições nos Estados Unidos - Thiago Lucas  (Foto: )

Das muitas maneiras de se enxergar a desigualdade que se escancara nas principais cidades brasileiras, revelando desníveis que apontam a distorção da concentração de renda em dimensão local, a remuneração dos indivíduos ou das famílias é uma das mais contundentes. Poderiam ser outros fatores, como o acesso à água, a moradia digna, o saneamento, ou as condições de cuidar da saúde e da educação. Mas o dinheiro disponível em cada mês é um indicador econômico direto, sem desvios, que leva a todas as formas de penúria em uma nação desigual.
Dados divulgados na quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) retratam as diferenças entre os lugares mais ricos e os mais pobres da federação, a partir das médias nos rendimentos domiciliares por pessoa. O cálculo estabelece a razão entre tudo que recebem os indivíduos no domicílio e a quantidade de moradores. Cumpre ressaltar que são valores médios, mais distantes do topo do que da base, em um país de brutal concentração de renda como o nosso. Do primeiro ao último no ranking, o levantamento mostra mais uma vez a desigualdade regional: se em Brasília a renda encontrada foi de R$ 3,3 mil no ano passado, no Maranhão essa média não chega a R$ 1 mil, mais precisamente R$ 945, ou 28% de quem mora na capital federal. Para os maranhenses, levando em consideração o que podem auferir como renda média, as dificuldades de vida são quase quatro vezes maiores do que para os candangos.
A média nacional é pouco menos de R$ 1,9 mil, 16% acima do registrado em 2022. Depois de Brasília, aparecem com maior renda média os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, na faixa de R$ 2,2 ou mais. Sem surpresa, mas sempre com lamento, Pernambuco ocupa a quarta menor renda média, com R$ 1.113, a metade da renda dos catarinenses e um terço da verificada em Brasília. Os pernambucanos estão acima apenas de Alagoas, do Acre e do Maranhão. Um dado inequívoco da precária condição econômica e social em nosso estado. Assim como a predominância de estados do Norte e Nordeste na parte de baixo da lista não causa estranhamento – o país desigual tem evidências dessa diferença de força econômico e qualidade de vida há décadas.
Os números atualizados do IBGE servem para avaliar e redirecionar políticas públicas, novamente demonstrando a necessidade de estratégias regionais de reequilíbrio do pacto federativo. O Norte e o Nordeste não demandam mais benefícios por caridade ou alguma espécie de privilégio, e sim, porque suas populações enfrentam desafios maiores do que as de outras regiões, que se desenvolveram melhor e agora colhem os frutos – mesmo apresentando, os estados mais ricos, os seus problemas, sobretudo nos grandes centros urbanos, onde a desigualdade surge em qualquer parte do Brasil. A realidade desigual é inescapável, e deve ser alvo de metas do governo federal e dos gestores estaduais e municipais, em articulação, para que venha a ser superada.




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