Terreiro de candomblé Obá Ogunté-SÃtio Pai Adão - IPHAN / Reprodução
O terreiro de candomblé Obá Ogunté-Sítio Pai Adão, localizado no bairro de Água Fria, no Recife, é o mais antigo em atividade no estado, fundado em 1875 pela nigeriana Ifatinuké, conhecida no Brasil como Tia Inês.
Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2018, o bem cultural foi inscrito em dois Livros do Tombo: o Histórico e o Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico.
Consagrado à orixá Iemanjá , chamada de Obá na tradição Nagô/Yorubá, o terreiro consolidou a cultura afro-brasileira em Pernambuco, especialmente sob o comando de Felipe Sabino da Costa, o famoso Pai Adão, que trouxe ainda mais força à tradição Nagô após uma viagem à Nigéria.
O espaço preserva práticas ritualísticas, como o uso da língua Yorubá nos ritos, e é um marco cultural, abrigando grupos de Afoxé e Maracatu Nação, reconhecidos como Patrimônio Cultural pelo Iphan. Além de seu papel religioso, o terreiro inclui uma capela-museu e uma área com o centenário Iroko, simbolizando a ligação entre tradição e memória.
Ruínas da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos - Igarassu
Igarassu – Conjunto Arquitetônico e Paisagístico - Fundarpe / REPRODUÇÃO
Localizadas em Igarassu, as Ruínas da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, destacam-se como um importante símbolo da cultura negra na Região Metropolitana do Recife.
Construída para abrigar a Irmandade dos Homens Pretos, ativa desde o século XVIII, a igreja é marcada pela ausência de registros detalhados sobre sua origem e declínio, refletindo a invisibilidade histórica das comunidades negras em estado.
Pouco mencionada na historiografia pernambucana, essa igreja foi palco de práticas culturais significativas, como a coroação de reis do Congo, mencionada por Pereira da Costa no compromisso da irmandade de 1706, organizado nos moldes de Olinda e aprovado em 1770.
Embora atualmente em ruínas , o local preserva um vínculo simbólico com as tradições afro-brasileiras , reforçado pela proximidade com o Maracatu-nação Estrela Brilhante de Igarassu.
Na década de 1990, a coroação da rainha Dona Mariu foi um marco no resgate dessa tradição e reafirmou a relevância das ruínas como lugar de memória e resistência da cultura negra.
As igrejas dedicadas à Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos também ocupam outras cidades da RMR, como Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes .
Antigo Engenho Pitanga
Kipupa Malunguinho realizado em 2018 - REPRODUÇÃO / FACEBOOK @felipe.scapino
O Kipupa Malunguinho, realizado anualmente desde 2006 , é um evento cultural e religioso organizado pelo Quilombo Cultural Malunguinho, em Abreu e Lima, na RMR.
O encontro ocorre nas matas do antigo Engenho Pitanga , onde teria existido o Quilombo do Catucá , liderado por Malunguinho.
Celebrado em setembro, o evento reúne praticantes da jurema sagrada para realizar rituais e homenagens na mata, enquanto ocorre uma programação cultural com apresentações de coco e outras expressões artísticas.
O Kipupa Malunguinho é considerado um dos principais eventos das religiões de matriz africana na região, atraindo milhares de participantes e reforçando a conexão espiritual e cultural com a ancestralidade e a natureza.
Mercado de São José
REQUALIFICAÇÃO Promessa é de conservação da calçada e a alvenaria em pedra lioz e a restauração dos elementos de ferro, vidro e madeira - ALEXANDRE AROEIRA/ JC IMAGEM.
O Mercado de São José, inaugurado em 7 de setembro de 1875, possui uma história profundamente vinculada à vida e à cultura das pessoas negras no Recife.
Antes mesmo de sua construção, o local já era frequentado por negros escravizados, forros e libertos, sendo um espaço de trabalho e sociabilidade.
No mercado e em seus arredores, reuniam-se quituteiras, trabalhadores portuários, capoeiras e fiéis de práticas religiosas como o catimbó, o xangô pernambucano e a jurema , que encontravam ali os artigos necessários para seus rituais e sustento.
Mesmo com as proibições impostas desde sua criação, como a restrição de entrada de prostitutas, mendigos e escravizados, o mercado se consolidou como um ponto estratégico para a economia e a vivência da população negra.
Sua relação com a religiosidade afro-brasileira permanece viva até hoje , já que é um dos principais locais para adquirir materiais essenciais para rituais, como ervas, velas e animais.
Palácio de Iemanjá - Terreiro de Pai Edu
Palácio de Iemanjá (Terreiro de Pai Edu) em Olinda - REPRODUÇÃO / PREFEITURA DE OLINDA / FACEBOOK
O Palácio de Iemanjá, também conhecido como Terreiro de Pai Edu , localizado no Alto da Sé, em Olinda, destaca-se como um importante símbolo da cultura afro-brasileira e da religiosidade de matriz africana em Pernambuco.
O espaço foi fundado por Edwim Barbosa da Silva, o Pai Edu , em 1951, e se tornou referência no candomblé pernambucano, ganhando notoriedade pelos trabalhos espirituais e pela homenagem ao orixá Iemanjá, guia de seu fundador. O terreiro também reflete o sincretismo religioso e abriga imagens de santos católicos ao lado de representações dos orixás.
A trajetória de Pai Edu foi marcada por conquistas, incluindo sua atuação junto a times de futebol como Sport e Náutico.
Pai Edu alcançou o título de Rei do Candomblé , consolidando-se como uma figura central da religião no estado.
O terreiro está intimamente ligado ao reconhecimento de Olinda como Patrimônio Natural e Cultural da Humanidade, em 1982, reforçando sua importância no cenário cultural e histórico da cidade. Mesmo após sua morte, em 2011, Pai Edu e o Palácio de Iemanjá continuam sendo lembrados como pilares da preservação e promoção da cultura afro-brasileira.
Em 2016, o Palácio de Iemanjá foi tombado e reconhecido como Patrimônio Cultural de Olinda .