Quem viaja para o exterior ou faz compras de produtos internacionais vai sentir, na prática, o que significa o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) definido pelo governo Federal. Desde o dia 23 de maio, todas as operações de câmbio passaram a ter uma alíquota única de 3,5% de IOF. Até então, quem usava cartão de crédito ou débito internacional pagava 3,38%, enquanto quem comprava dólar em espécie ou usava contas digitais (como Wise, Nomad e C6) desembolsava apenas 1,10%.
Com a mudança, qualquer saque em moeda estrangeira, recarga de cartão internacional, transferência para conta fora do Brasil ou compra de produtos internacionais em sites estrangeiros cobrados em dólar passa agora a ter o mesmo imposto de 3,5%.
Quem planejava levar dólares em espécie para uma viagem teve um salto no custo, com um salto de 1,10% para 3,5% no IOF. Já quem preferia contas digitais para fazer saques em débito no exterior, atraído pelo câmbio comercial (mais barato que o dólar turismo), perdeu a grande vantagem de pagar menos imposto.
A lógica do governo, segundo os técnicos do Ministério da Fazenda, foi eliminar distorções fiscais entre os diferentes instrumentos de câmbio e aumentar a arrecadação. Calcula-se que as novas regras possam gerar cerca de R$ 20,5 bilhões em 2025 e até R$ 41 bilhões em 2026.
A Associação Brasileira da Advocacia Tributária (ABAT) alerta que o consumidor arcará com o maior custo. “Seja nas compras com cartão de crédito, cartão de débito ou na aquisição de moeda em espécie, a medida vai encarecer essas operações. Ou seja, o consumo por meio desses instrumentos ficará mais caro.” Na prática, isso significa que cada centavo gasto no cartão internacional carregado em dólar ou euro agora terá um adicional maior de imposto.
Quem costuma fazer compras em plataformas como Shopee, Shein ou sites especializados em produtos estrangeiros e paga em moeda estrangeira também sentirá a diferença. Mesmo que o valor do produto pareça atraente, o imposto de 3,5% incide sobre o total convertido em real e pode virar um “pegadinha” na hora do pagamento. Nessas situações, vale buscar a opção de pagamento em reais — se oferecida pelo vendedor — ou considerar cartões que devolvam parte do valor em cashback ou pontos, embora isso não elimine totalmente o impacto do IOF.
Para os viajantes, a mudança reforça a necessidade de planejamento. Sempre que possível, é mais vantajoso adquirir pequenas quantidades de moeda aos poucos, aproveitando momentos em que o dólar comercial esteja estável ou ligeiramente mais baixo, criando um preço médio. Assim, mesmo com IOF de 3,5%, o custo final pode ficar menos “pesado” se comparado a uma compra única de grande volume em um dia de alta acentuada da cotação.
Ao chegar no destino, a dica é usar preferencialmente cartões de débito vinculados a contas internacionais. Embora paguem 3,5% de IOF, essas contas trabalham com a cotação comercial do dólar, que costuma ser alguns centavos mais em conta do que o dólar turismo praticado pelas casas de câmbio que vendem dinheiro em espécie. Já o cartão de crédito internacional, apesar de ter a mesma alíquota de 3,5%, pode resultar em faturas imprevisíveis, pois a conversão considera a cotação do dia do fechamento, que pode oscilar contra o viajante.
Em resumo, a unificação do IOF a 3,5% deixou mais caro cada centavo movimentado em dólar ou euro, seja em espécie, débito, crédito ou transferência. A regra vale para remessas ao exterior, compras em sites estrangeiros em moeda estrangeira e recarga de cartões internacionais. Se o imposto era um detalhe pouco percebido em 2024, agora ele aparece com peso maior. Planejamento financeiro, pesquisa de câmbio e escolhas inteligentes de pagamento são fundamentais para evitar surpresas e manter as viagens e as compras internacionais dentro do orçamento.